Cid Gomes na tribuna da Câmara, com Eduardo Cunha na presidência da sessão (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress) |
O PMDB fez chegar à presidente Dilma
Rousseff que ou o ministro Cid Gomes é demitido ou pede demissão da pasta
da Educação ainda na tarde desta quarta-feira (18) ou o partido está fora
do governo e da base aliada.
Cid
participa neste momento de uma Comissão Geral, no plenário da Câmara, que
foi marcada para ouvi-lo sobre declarações em que disse que, na Casa, haveria
entre 300 e 400 deputados “achacadores”.
A
expectativa do governo e do Legislativo era que ele se desculpasse pelas
declarações e tentasse recompor suas relações.
Não só Cid
Gomes não fez isso como, dedo em riste em direção ao presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vociferou: “Prefiro ser acusado de mal educado a ser
acusado de achacador como ele [Cunha], que é o que dizem dele as manchetes dos
jornais”.
Antes, o
ministro já havia dito que quem é da base aliada do governo tem de votar com o
governo. “Ou larguem o osso. Saiam do governo.”
Seu único
gesto conciliador foi pedir desculpas “àqueles que não agem dessa maneira”,
depois de reafirmar que alguns eram “oportunistas”.
A partir
daí, líderes se revezam na tribuna para exigir a demissão de Cid Gomes.
Na chegada,
Cid Gomes levou uma claque para apoiá-lo no depoimento, mas Cunha os expulsou
das galerias. O depoimento do ministro já havia sido adiado por conta de uma
internação médica do titular do MEC.
Enquanto
isso, a cúpula do PMDB avisou diretamente a um auxiliar de Dilma que o partido
não abre mão de que ele seja demitido ou renuncie ao cargo ao término da
sessão. “Ou é isso ou ela perderá o partido. Dessa vez é sério”, diz um
interlocutor peemedebista com acesso ao Planalto à coluna.
A avaliação
do partido é que o que Cid Gomes fez é a “desmoralização completa da relação
institucional” entre os dois Poderes.
Deputados
acusaram o ministro de mentir e fizeram uma série de acusações de
irregularidades a seu governo no Ceará. “Quem não lhe conhece que lhe compre”,
disse o deputado Cabo Sabino (PR-CE).
Outro o
acusou de superfaturar um show de Ivete Sangalo para inaugurar um hospital e de
viajar com a sogra em jatinho pago pelo governo.
A todas as
acusações e críticas, Cid Gomes ouviu calado, com riso irônico nos lábios, em
pé na tribuna do lado oposto àquela em que os parlamentares se revezavam.
Assessores
próximos a Dilma consideram a queda do ministro a saída mais provável para mais
esse capítulo da crise política que traga o mandato da presidente.
Fonte: Painel blog folha uol